segunda-feira, 28 de junho de 2010

Matei Deus!

Foram anos de luta, preso a obrigação de adorá-lo sobre todas as coisas e obedecer suas ordens. Foi difícil mas consegui.
Depois de matá-lo fui em busca de um caminho, um norte, um rumo. Um fundamento que pudesse dar referência pra minhas ações.
Pensei em algo como garantir o bem estar da minha nação, minha família, meu clã, minha tribo, meus entes queridos. Tendo essa base mataria quantos fossem necessários para defender minha referência e para trazer tudo de bom para os que dela pertencessem. Mas notei que, durante uma guerra entre nações, poderia haver alguém do lado inimigo que pudesse pensar como eu e que só estava fazendo tudo aquilo para defender o que acha importante, seria uma batalha honrosa. Pensei então que poderia tentar negociar com ele a paz e trocar alguns itens que me sobravam e que poderiam servir pra ele e talvez ele poderia fazer o mesmo. Sabendo que há pessoas também nessa situação percebi que não bastava ter como base minha "família".
Pensei em ter como referência o repeito à diversidade, mas há certas diversidades que não dá pra aceitar: Uma outra pessoa que me explora por possuir mais bens que eu e deter os meios de produção do sustento da minha família. Tem coisa que não dá pra concordar.
Pensei em ter como referência os meio de produção, pois todos precisamos comer. Com isso eu quase roubei um banco, quase explodi a cabeça de muita gente que merece um fim trágico, quase virei um Hobin Wood. Mas pensei que a violência só gera mais violência e a repressão que viria depois desses atos prejudicaria muita gente e talvez causaria um retrocesso na democracia, daria argumentos para uma ditadura.
Pensei na dor como referência, porque todo mundo sente dor, seja física ou sentimental. Eu poderia ter ficado com a ideia de apenas sanar a dor dos meus queridos, proporcionando-lhes um bem estar maior, mas e os outros q também sentem dor? Tendo o sofrimento como referência não dava pra eu ignorar a dor de outros. Mas o que fazer? Vou passar minha vida só pensando na dor de todo mundo? Travei!
Preciso de uma referência que me faça agir e não que me trave. Preciso viver! Quero viver!Não só eu como todo mundo quer viver.
Pensei se é possível haver vida solitária. Percebi que tudo o que vive depende de uma complexidade de detalhes pra manter a própria vida, que nunca algo sobrevive por si só.
Acho que estou chegando perto de algo...
Lembrei da máxima que existe em muitas culturas e que na cultura judaico-cristã é representada pela frase “amar ao próximo como a si mesmo”.
Pensei: se quero vida pra mim, também devo querer vida pro meu próximo, é algo bem lógico e uma ótima moeda de troca. Mas lembrei que na sociedade humana não dá pra esperar por essa lógica, sempre haverá predadores.
Olhei para a vida na natureza e vi que em todo lugar onde há vida, há também sacrifícios, seja das plantas secas (mortas) que nutrem o solo com sua decomposição mantendo saudáveis as outras ainda vivas, seja um gnu morto por um leopardo caçando provendo alimento para suas crias.
O sacrifício nutre a vida que floresce.
Assim como fui alimentado e cuidado para ter vida, desejarei e lutarei pela vida, respeitando a máxima existente em várias culturas e, sendo assim, serei sacrifício ao invés de sacrificar.
Acreditarei que meu sacrifício não será em vão e que a vida persistirá. E acreditarei que meu exemplo contribuirá para que mais pessoas passem a cuidar umas das outras.
Quero a vida para meus queridos,
quero a vida para meu próximo,
quero a vida para meu inimigo.
Serei a folha seca e o gnu.
Alimentarei os que estão a minha volta.
A vida florescerá a meu redor.
Serei adubo. Ao pó voltarei.
E assim, mesmo depois do meu último sacrifício,
serei vida nova.

Deus é só uma palavra, distorcida e desgastada. Procuremos pelo mais sagrado, por aquilo que realmente importa.

Minha singela reflexão.

Resposta: O que gera vida não é a morte, mas a troca. E viva o Capitalismo sem intervenção do estado.

21 comentários:

  1. Putz! Que texto da hora, Paulo!

    Foi uma leitura prazerosa! Eu gostei da parte que você fala sobre o inimigo, quando descobre nele a possibilidade de um diálogo, de uma troca produtiva. De fato, eu reconheço que somente esta visão de respeito ao diferente, ao múltiplo é que podemos fazer algum progresso na vida.

    Eu não poderei, entretanto, concordar com você a respeito do sacrifício (bom, pelo menos não agora... rs), pois eu vejo na natureza algo diferente, mas sei que este é um modo de ver, por isso eu devo dizer que, apesar de não concordar com você neste elemento, eu não estou dizendo que não seja válido, mas apenas que não vejo desta forma.

    É que ao invés de ver o sacrifício de uma planta que morre e aduba a terra à sua volta, eu vejo a força do tempo que mata a planta e a faz tornar-se adubo, entende? Só inverti o processo. De qualquer forma a planta morre e vira adubo.
    Mas nesta inversão não haveria sacríficio, pois não foi uma vontade da planta morrer, se fazer adubo (mesmo porque acho que um sacrifício se constitui na medida em que há uma vontade determinada de fazer/oferecer sacrifício). Penso, porém, que a vontade de todo o ser vivo é manter-se vivo, tanto é assim que uma planta busca na terra seus nutrientes, ascende rumo ao sol para fotossíntese, e toda a natureza luta pela sobrevivência.

    De fato, acho mesmo que, se pudéssemos falar em vontade na natureza, eu diria que a vontade de cada ser vivo é "vontade de potência". rs!
    E aí o negócio ficaria pior, pois ninguém estaria disposto a fazer sacrifício em prol de outros... Salvo se lhe trouxesse algum proveito, algum bônus.

    E vê se não pára de escrever aqui, por que seus textos são bons, e fazem a gente refletir sobre muitas coisas.

    Ah, sim. Já ia me esquecendo de deus... Que bom que você matou ele! Se bem que eu acho mesmo pleonástico ir no cemitério para matar um defunto! rs!

    abraços!

    ResponderExcluir
  2. Valeu pela leitura e pelo comentário Daniel!
    Acho que também é valido eu tentar justificar a minha opção pelo sacrifício.
    Eu concordo plenamente com a vontade de potência, mas não consigo sobrepor minha vida às outras. Não sou predador e não quero ser. Quero sobrepor a vida, mesmo que para isso a minha tenha que ser perdida. E também não concordarei de outros sacrificarem vidas para si ou para seu grupo.
    Isso é o que me faz agir. Não exijo que mais ninguém viva assim. Só acho que talvez esse pudesse ser um rumo nobre da minha parte, um bom caminho a ser seguido já que o senhor Tempo vai me levar mesmo.
    Abraço!

    ResponderExcluir
  3. É que eu passei por experiências diferentes das suas, e você teve experiências também diversas. E todo o tempo que vivemos e experimentamos o mundo foi o que nos trouxe até o "aqui e agora".

    Penso que ambos, eu e você, cheguemos a conclusões diferentes (e não são tão diferentes, apenas diferem em alguns detalhes) por causa destas circunstâncias que passamos.

    Talvez se eu estivesse no seu lugar, e tendo passado pelo seu passado também chegasse ao mesmo ponto e o inverso seria válido também.

    Por isso é que eu concordei com você também quando falou sobre a abertura ao diferentes, pois eu posso aprender sobre esta nobreza do sacrifício com você.

    Valeu por comentar o comentário.
    Agora eu estou comentando o comentário do comentário!

    falow!

    ResponderExcluir
  4. Pois então, minha gente... comentando o comentário do comentário do comentário, esta humilde projetinho de poetisa que aqui vos esceve, precisará de muitas releituras desse texto pra consegir comentar algo... ele está denso! Agradável, mas denso!

    ResponderExcluir
  5. Demorou, mas vou comentar, não compartilho bem com estas tuas idéias guri, mas posso usá-las para uma reflexão pessoal.
    Como posso matar a Deus, se assim fazendo também mato a mim? Se Deus morreu, ou se nem existiu, quem eu sou? Eu que sempre acreditei ser a sua imagem, e ter uma borrada semelhança Sua? Eu que sempre acreditei ser a Sua filha, sua criatura e ser escolhida? Enlouqueceria se me descobrisse uma farsa, enlouqueceria não só por não ser aquilo que sempre acreditei ser, mas enlouqueceria principalmente porque acredito que este Deus que matam por aí é a única explicação para o Amor. De onde viria um sentimento tão nobre senão do sobrenatural? Como explicar o próprio sacrifício? Sinceramente não sei... Apenas sei que se o Adoro, se o Amo, se o mantenho vivo em mim é porque quero, não porque devo, nem me sinto obrigada a isto, afinal o Amor é gratuito, sendo Deus Amor, também é gratuito, ou seja, só o tem quem O quer e só O valoriza quem ver além, porque fé é justamente isto, ver muito além, ver o Sobrenatural.
    Agora se ficarmos apenas procurando dar um sentido à nossa vida, talvez ela apenas passe... Prefiro viver tendo como valor o Amor e no momento presente me deixar guiar por isto, às vezes acerto, às vezes não, mas VIVO e isto me basta. Talvez eu queira pouco, talvez pouco me baste, ainda bem, porque só se é feliz quando completo.

    ResponderExcluir
  6. Oi Júlia,
    realmente meu texto choca de início.
    Mas eu me redimi no final, pelo menos tentei... rs
    O meu problema é que a mim foi apresentado um Deus paradoxal, que ama e que pune, caridoso mas burocrata. Era difícil pra mim lidar racionalmente com um Deus assim... e olha que a Igreja fala muito de diálogo entre fé e razão, pena que são poucos padres ou leigos capazes de fazer esse diálogo. E não dava pra eu simplesmente ignorar minha razão e ceder a "imposição" de amá-lo e aceitar o mistério da fé.
    No final do meu texto eu encontro a essência do cristianismo, a obra que o Cristo deixou, todo o ensinamento seguido por gerações.
    Deus é amor, por que não, o Amor é Deus. Se em qualquer discurso religioso eu traduzir a palavra Deus em Amor fica muito mais fácil de lidar racionalmente com Deus. Tudo bem, o Cristo não veio acabar com as leis e sim clareá-las. Por isso mesmo eu preciso, racionalmente, que toda lei tenha um motivo de ser. Não é aceitável uma lei apenas com base na fé, se é com base em fé essa fé tem que ser concreta, tem que trazer clareza, não pode ser lei pela lei. Lei sem justificativa tem sempre interesses políticos em jogo e isso é autoritarismo privado de visão e de inteligência.
    Sendo assim, me livrando desse Deus velho, que não dialoga com a razão e que tem inúmeros falsos seguidores com discursos desconexos e totalmente fora da realidade, eu consegui encontrar o que é realmente sagrado. Consegui acolher e entender a mensagem do Cristo. Consegui perceber a importância dessa mensagem e a sua presença em todas as culturas humanas. E ainda mais, percebi que é uma mensagem que de modo algum pode ser imposta, ela deve ser apenas seguida e colocado como exemplo de vida, e seu próprio mérito atrairá seguidores.
    Talvez, depois de deixar as coisas mais claras, vc perceberá que penso um pouco como vc. Talvez vc tenha tido mais facilidade pra lidar com esse paradoxo. Eu com a minha falta de emoção, precisei de uma atitude radical, mesmo que seja só com palavras, pra colocar pra mim o verdadeiro Deus que eu sigo.
    - "Vede como se amam!"
    É com a frase acima que os cristão deveriam ser reconhecidos e não pelas suas vestimenta, gosto, riqueza, saúde, templo...

    ResponderExcluir
  7. Bom, como os comentários tomaram direções filosóficas e teológicas ao mesmo tempo, acho que vou me inserir na conversa...rs Em prmeiro lugar, trata-se de compreender que as divergências aqui existentes mais tem a ver com a etimologia da palavra Deus do que qualquer outra coisa. No cristianismo, a etimilogia de raíz mesmo, a que é aprendida sobre a palavra Deus, é que trata-se de um soberano, criador, onipotente, onisciente, senhor de bondade e por aí vai... e de fato, o Deus como eu entendo também o é. Mas agora, tratamos de entender Deus para todos os que nele creem, pois não é privilégio apenas de cristãos crer em Deus... Os judeus tb O creem, os muçulmanos, os xiitas, os budistas, a questão é que mudam as terminologias... Se você perguntar a um budista o que é o alfa, o que é o sagrado, o que é o ponto de convergência que une todas as coisas e que mantem o universo e as criaturas em harmonia, eles vão te responder que trata-se de uma energia que só pode ser boa, que só pode ser transbordante no amor, que só pode ser luz e nunca conter escridão, que nunca será ambígua, nunca paradoxal, nunca condenará, apenas amará até a última instância... Opa, esses também não são atributos do Deus que eu conheci? Acho que sim... Mas há um fato a ser lembrado: em nome do Deus que julgamos conhecer, não queremos admitir que outra pessoa creia num deus que seja dela, que venha da cultura dela, porque julgo que ele não a salvará, logo, julgo que quem tem uma fé diferente da minha é pagão e que, ou deve converter-se, ou queimará pela eternidade no mármore do inferno... Pois então, são essas muralhas que o Paulo está matando. Esse Deus que tem seu nome tomado em vão pra justificar guerras santas é que merece ser morto. Um Deus que me deixa a serviço do templo, e somente do tempo, merece ser morto - lembram-se do episodio do indigente caído à beira do caminho e da postura do sacerdote que precisava cuidar de seus afazeres no templo e não teve tempo pra parar no caminho? Pois bem, há muita gente sem tempo pra parar no meio do caminho. Há muito sacerdote sem tempo, há muita religiosa sem tempo, há muito monge sem tempo, há muito pastor sem tempo, há muito ateu sem tempo... Mas os ateus talvez estejam eximidos da cobrança da consciência... e que se rotula com alguma religião? Como poderá eximir-se? O Deus que é morto aqui é aquele Deus que nos é apresentado como um negociador: você faz isso que eu te dou aquilo, você vai à Missa bonitinho que eu te dou a vida eterna, reze o terço todos os dias em troca de graças materiais. E a relação gratuita, onde foi parar? Barganhar com Deus é meio medíocre, não? Numa relação de barganha, eu também prefiro matá-lo. Ou eu me lanço no amor sem esperar absoltamente nada em troca ou, de fato, é melhor matar o deus que ergue na muralhas na humanidade...
    Quanto mais profundamente se avança na compreensão das doutrinas e das cerimônias de todas as religiões, maior e mais aparente se torna a sua semelhança básica, até que, por fim, se chega à percepção da sua unidade fundamental. A isso, damos o nome de Teosofia, segue...

    ResponderExcluir
  8. Quanto ao diálogo fé e razão, de fato, a religião como revelação, ou seja, uma tentativa de explicar por meios não racionais, de forma mais intuitiva algo que no estano normal de consciência, apenas sentimos vagamente, deve adequar-se às exigências do intelecto humano (em Teologia se diz muito que a graça supõe a natureza) e Santo Inácio de Loyola (fundador da ordem católica dos jesuítas), em sua carta magna, diz: "Tomai Senhor e recebei, toda a minha liberdade, a minha memória também, o meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor..." e é o próprio Inácio que nomeia essas potências como potências humanas, para dizer que longe delas não se experiamenta Deus... Não se retira o emocional para experimentar Deus... Mas também não se retira a inteligência, a capacidade dialética, o dom da dúvida, a graça dos questionamentos... Não se experimenta Deus sem memória, aliás, esta é uma potência muito valorizada entre os místicos da Igreja como Santa Tereza Dávila, Santo Antão (pai da espiritualidade monástica), São João da Cruz, e por aí vai...
    Chego a pensar então que nada será absolutamente verdadeiro ou absolutamente falso a não ser o amor e o não amor.... e chamem isso do que quiserem... Aqui, no caso, o Paulo está matando o não amor...
    Vou dar mais um exemplo sobre o por que que o deus que ergue muralhas religiosas deve ser morto: as ideias transcendentemente espirituais sobre os poderes dirigentes do universo, adotadas por um sábio do Oriente, seriam para um selvagem africano uma religião tão falsa quanto o fetichismo inferior deste selvagem seria para aquele sábio, embora os dois pontos de vista devam necessariamente ser verdadeiros, em certa medida, porque ambos representam as mais elevadas ideias que estes indivíduos podem respectivamente conceber a respeito destes fatos cósmico-espirituais. segue...

    ResponderExcluir
  9. Para os cristãos, certa vez li uma carta que dizia algo muito interessante: que o sermão da montanha seria um bom parâmetro pra julgar até que ponto a religião de Jesus está presente em seu cristianismo - e eu achei isso justo e bom. E eu posso ir além, usando essa mesma referência, comparando o sermão da montanha com a minha própria vida, pois a religião começa de modo pessoal, embora seja coletiva, certo?
    Muitos religiosos declarados evitam fazer esta comparação. Como comerciantes que temem ir à falência, eles parecem ter receio de encontrar na sua contabilidade um saldo negativo que não poderia ser compensado contabilizando bens materiais em lugar de bens espirituais. A comparação entre os ensinamentos de Jesus e as doutrinas das igrejas foi, todavia, feita frequentemente - e muitas vezes com um grande conhecimento e uma perspicácia decisiva - tanto por aqueles que queriam abolir o cristianismo, quanto pelos que queriam reformá-lo; e o resultado total destas comparações prova que em quase todos os pontos as doutrinas das igrejas e o modo de agir dos cristãos estão em contradição direta com os ensinamentos de Jesus. O Paulo faz uma discreta comparação tendo o amor como parâmetro... e quer matar tudo que destoa desse amor - e amor concreto, sejamos lúcidos! Nada de abstrair a palavra amor... nada de suspirar pelos cantos pelo amor... o amor suja as mãos, o amor passa fome pro outro comer, o amor dorme mal, o amor tem insônia, o amor fala não, o amor fala sim, o amor não tem lógica na atual sociedade...

    ResponderExcluir
  10. Se fôssemos encorajar os cristãos a estudarem por si mesmos a sua própria religião, a consequência seria não um conhecimento do significado dos seus mistérios, mas o redespertar da superstição e da intolerância medievais, acompanhado de uma formidável explosão de preces e sermões ditos apenas da boca para fora - tal como o que resultou na formação de 239 seitas protestantes, apenas na Inglaterra - ou, alternativamente, um grande aumento do ceticismo, pois o cristianismo não tem uma base esotérica conhecida pelos que o seguem, e já dizia um professor que agora está famoso na midia: "nós, religiosos, somos os culpados pelo surgimento do ateísmo no mundo!" Novamente, tento ilustrar que o que o Paulo quer matar é uma prestação vazia de culto a uma, digamos, religião cristã, tal como existe aqi e acolá, composta de cascas externas do judaísmo, com retalhos do paganismo e restos mal digeridos de gnosticismo e neoplatonismo e desprovida de amor... Às vezes o acesso à Igreja em sua essência nos fica obscuro... e logo, o acesso a Deus para quem é cristão; parece que as chaves qe foram entregues a Pedro foram escondidas... mas podem ser encontradas... Se encontrares o amor... Não estou fazendo anarquia contra a Instituição. Creio piamente na necessidade de organização para fluir tudo a seu tempo e em seu devido lugar: para a vida espiritual fluir, deve-se estar organizado institucionalmente. Para que a graça prospere, deve-se estar organizado hierarquicamente - e o que não é ou quanto nos vale a hierarquia para nosso enobrecimento e exercício de humildade e ascenção! Toda a organização, da forma que está, é importante... mas organizações sem amor estão servindo a um deus que não deve sequer estar aceitando o "sacrifício". Então, sem o amor eu também pretendo matar o deus... Que o amor venca e que eu a Ele me converta! E como preciso que o amor me auxilie! Que morra o não amor e que viva a caridade! 1 Cor 13... bom, é isso.... poderia ter mais, mas estou ficando com sono e tenho que acordar cedo... rs

    ResponderExcluir
  11. A seguir, uma explicação teosófica do por que que a imposição e a guerra santa merece ser morta e as muralhas destruidas:

    A Igreja alega que o cristianismo é a única religião verdadeira, e esta pretensão implica duas afirmações diferentes, a saber, que o cristianismo é uma religião verdadeira, e que não há religião verdadeira exceto o cristianismo. Parece que nunca passa pela cabeça dos cristãos a ideia de que Deus e o Espírito possam existir de qualquer forma diferente da que é apresentada nas doutrinas da igreja. O selvagem chama o missionário de ateu porque ele não transporta um ídolo na sua mala; e o missionário, por sua vez, qualifica de ateu qualquer um que não traga um fetiche no seu espírito; e nem o selvagem, nem o cristão parecem ter jamais suposto que possa existir uma concepção mais elevada que a sua em relação ao grande poder oculto que governa o Universo, e ao qual o nome “Deus” é muito mais aplicável. É difícil saber se as Igrejas tentam mais provar que o cristianismo é “verdadeiro”, ou provar que qualquer outra espécie de religião é necessariamente “falsa”; as más consequências que resultam deste seu ensino são terríveis. Quando as pessoas rejeitam o dogma, elas imaginam que rejeitaram também o sentimento religioso, e concluem que a religião é algo supérfluo na vida humana – uma forma de mandar para as nuvens coisas que pertencem à terra, uma perda de energia que poderia ser usada mais eficientemente na luta pela existência. O materialismo desta época é, portanto, consequência direta da doutrina cristã segundo a qual não existe poder dirigente no Universo, nem qualquer Espírito imortal no homem, além dos que foram descritos nos dogmas cristãos. O ateu é o filho bastardo da Igreja.

    ResponderExcluir
  12. O que o Paulo necessita quando diz que precisa perpassar pelo âmbito racional para conceber qualquer idéia de sagrado? Talvez ele queira dizer que nessita agora é de uma Igreja que lhe fale da Divindade ou Princípio Imortal no homem como algo situado pelo menos ao nível das ideias e do conhecimento dos tempos atuais. O cristianismo dogmático não é adequado para um mundo que raciocina e pensa. Só aqueles que estão dispostos a lançar-se a um estado de espírito medieval podem apreciar uma Igreja cuja função religiosa (considerada como diferente da sua função social e política) é manter Deus de bom humor enquanto os fiéis fazem o que crêem que não é aprovado por ele; cuja função é rezar para obter mudanças no clima; e, ocasionalmente, agradecer ao Todo Poderoso por haver ajudado a massacrar o inimigo. Não é de “curandeiros”, mas de guias espirituais que o mundo necessita hoje - um “clero” que lhe dê ideais tão adequados para a inteligência do nosso século como o eram o Céu e o Inferno, o Deus e o Diabo cristãos, na época de sombria ignorância e da superstição. Será que o clero cristão atende, ou pode atender, esta necessidade? A miséria, o crime, o vício, o egoísmo, a brutalidade, a falta de auto-respeito e de autocontrole que caracterizam a nossa civilização moderna unem as suas vozes num grito terrível e respondem – NÃO! Então, que eles, com a ajuda dos homens de boa vontade, possam "ressuscitar deus" - aquele VERDADEIRO...

    ResponderExcluir
  13. PARTE 1
    Tá bombando, hein!

    Primeiramente eu quero parabenizar a gisele pelos comentários. Por ter gostado deles eu quero concordar com alguns e, posteriormente (rs), discordar de outros. Tudo na paz! kkkk

    Então, quando você diz que: "Em prmeiro lugar, trata-se de compreender que as divergências aqui existentes mais tem a ver com a etimologia da palavra Deus do que qualquer outra coisa." Você sacou tudo!

    Quer dizer, no fundo, no fundo, trata-se de linguagem! e somente sobre isso!
    Como diria o açougueiro Descartes: Vamos por partes!

    Independente de crer ou não em 'deus', precisamos reconhecer que tudo o que dizemos saber sobre deus, sabemos por meio da linguagem. Se não houvesse linguagem, não haveria existência de deus, ao menos não poderíamos comunicá-lo. E como o ser humano é ser humano por que vive socialmente por meio da linguagem, nem seríamos humanos se não possuíssemos linguagem.

    O fato é que não teríamos memória, passado ou futuro, agiríamos por puro instinto... Assim são os demais animais.
    Blz!

    ResponderExcluir
  14. PARTE II
    Agora, sabemos que 'deus' é um conceito, e conceitos tem a característica de formas (tipo forma de bolo), podemos colocar dentro dela o que quiser, qualquer massa maleável se adequará a ela. Ou seja, tem caráter universalizante.

    De fato, o ser humano é o único animal que pensa sua existência. Esse é o grande problema, pois a realidade da existência humana não é universal, se caracteriza por indivíduos particulares, com organismos distintos e únicos.

    A própria consciência humana, para sobreviver ao caos da multiplicidade, precisa criar meios de unificar a realidade, ou seja, solucionar o problema infernal desta multiplicidade.

    Como fazer isso? Por meio destes conceitos que unificam todas as partes.

    Não é de se admirar, portanto, que as primeiras religiões, as chamadas "religiões naturais" ou "primitivas" possuiam um panteão imenso de divindades, de coisas unificadoras.

    Com o desenvolvimento da sociedade, com a expansão populacional e territorial, os deuses se subjugaram a um único deus, a um único conceito, chamam-no Uno, Imóvel, Perfeito, Energia, Alfa, Ser, Deus etc.

    Deus (ou o nome que preferirem) representa, portanto, a unificação da própria consciência humana.
    A ciência, sob este aspecto, torna-se também um deus, isto é, torna-se conceito universal.
    E por meio desta representação unificadora da realidade é que se desenvolve o conhecimento.
    Uma coisa não se desprende da outra.

    ResponderExcluir
  15. PARTE III
    Toda a nossa civilização se construiu por meio destes conceitos universais. Portanto, não é de se estranhar que alguém fique desesperado se descobrir que tudo não passa de uma grande farsa, uma grande mentira que se tornou verdade.
    Exatamente porque a civilização humana se edificou por meio disto é que se acredite também que se, por algum modo, descobrirem sua infame falsidade, tudo poderia ruir!

    Neste contexto, eu acredito em deus. Quer dizer, acredito que sejam conceitos universais para progresso do conhecimento. E aí poderemos utilizar outros conceitos universais que não precisam necessariamente serem deus, ser, alfa, ômega ou seja lá o que for. Podemos utilizar outros princípios, por exemplo: Natureza, Phisis, Gaia, Cosmos.

    Tanto faz! No fim, é tudo questão de linguagem!

    ResponderExcluir
  16. PARTE IV
    Retornando ao texto do Paulo, penso que a intenção dele, inicialmente, era demonstrar que ele "matou" uma faceta, uma imagem, uma espécie de conceito, de universal, de "deus" que ele não concordava.
    Matar deus é relativo, pois não há como matar algo que é abstrato, e que é desprovido de corpo. Até onde sabemos só morre quem está vivo, e só está vivo quem possui corpo, pois morte implica o fim de uma coisa, e vida só é possível pela morte de outras coisas. Por exemplo, só vivemos, pois retiramos a vida de outros seres, as plantas, os animais, etc. É o ciclo natural das coisas.
    Agora, esta 'morte de deus' está muito mais aqui do que lá! Quer dizer, é muito mais concreto do que se pensa.

    Matar deus nada tem que ver sobre ir até alguma outra dimensão e destruir a vida de um ser pessoal.
    Trata-se de transformação de conceitos, e só!
    Não tem nada de impressionante nisso, é bem menos maravilhoso se olharmos deste ponto.

    Enfim, como já comentei com o Paulo, eu fui um pouco mais radical e preferi "matar" todos os conceitos que estivessem relacionados ao patriarcalismo, ao Ser parmenediano ou platônico!

    Eu só posso acreditar em um conceito, em um "deus" que dance! que se movimente! e que não seja castrante!
    E que "deus" seria esse? Para mim, indivíduo particular, seria a Natureza!

    ResponderExcluir
  17. COMENTÁRIO 2
    PARTE I
    Poxa, Gisele! Seus argumentos são ótimos! De verdade! E eu devo dizer que jamais encontrei cristão algum, fora o Paulo, que tivesse uma visão parecida a esta.

    Eu concordo na maior parte com você, mas vejo apenas um problema, e não é nem nos seus argumentos, mas nos argumentos destes que se dizem religiosos, santos, bons e perfeitos.

    Eu não consigo (e este não conseguir não diz respeito a algo do tipo: "tentei", apenas que não vejo possibilidade de que seja desta forma, não vejo nexo) pensar que haja mesmo uma "força", "ser", "algo espiritual ou transcendente" que governe o universo.

    Se olharmos o Universo, as galáxias, os planetas e estrelas, quasares, cometas e satélites naturais; se olharmos para a vida na Terra mesmo, vemos um caos. Não podemos entender com Caos o que todo mundo entende.

    O que seria o Caos, neste caso? Seria uma disposição de movimento sem um objetivo pré-estabelecido. Seria a disposição natural das coisas lançadas aí!

    Quer dizer, todo dia morre uma estrela, há erupções solares, o campo magnético da terra se enfraquece, o sol envelhece, planetas estão em rota de colisão... Coisas assim demonstram uma total indiferença com nossos conceitos universalizantes.

    ResponderExcluir
  18. COMENTÁRIO 2
    PARTE II
    Por este e outros motivos eu não consigo sequer entender, sequer compreender que haja possibilidade de uma força "governatória" que seja pessoal, que seja inteligente, que seja portadora de uma consciência maior.

    Na verdade, eu não vejo um sentido especial no próprio ser humano. Estamos aqui e somos etéreos, fugazes, tão efêmeros quanto fumaça.
    E eu vejo tanta desnecessidade de se depender desesperadamente de um conceito universal para sobreviver, para existir.

    Amor, Deus, Felicidade, Bem, Esperança. É tudo questão de construção de linguagem, de linguagem humana, e portanto, transitória, por isso mutável!
    Não há nada fixo no mundo.

    E apesar de pensar desta forma, não vejo necessidade também de se destruir, abandonar, deixar de lutar por amor, por esperança, por felicidade. Desde que estejamos conscientes de que tudo não passa de invenções nossas mesmo, não há nada maior que nossa linguagem. Tudo o que acreditamos (seja deus ou amor) são frutos de nossa linguagem social.

    ResponderExcluir
  19. Mesmo que haja algo que seja maior, nossa linguagem não dá conta disso, não há como dizer se há ou não, se é inteligente ou não...
    Entende?

    Se dissermos que "é Inteligente"... Pow, esse conceito Inteligente é conceito retirado da nossa realidade concreta e social, nós somos inteligentes. Estaríamos outorgando um conceito humano em "algo maior" que não é humano! Isso é de um absurdo extraordinário e até ridículo de nossa parte, rs!

    Bom, eu estou começando a ficar com sono agora. Já escrevi bastante!kkkk
    Espero que tenha conseguido dizer alguma coisa... Se a resposta for sim, ainda continuo pensando que isso não vá fazer muita diferença. Tanto faz! rs

    ResponderExcluir
  20. Blz, Daniel! Eu queria refutar várias coisas do seu comentário (aprendi o termo refutar e acho que fica bem pros filósofos como vcs, né? rsrs). Adorei a idéia de refutar, é um exercício super legal... mas eu teria que ter um pouco mais de tempos pra complementar com minhas considerações parágrafo por parágrafo sobre o que vc escreveu... realmente, o post está bombando! kkk Mas blz, assim que der eu vou colocando uma coisinha aqui e ali pra gente continuar interagindo... Tb gostei mto de algumas de suas considerações... Salve a Pachamama!!! Já q vc gosta da mãe natureza!!!! kkk

    ResponderExcluir
  21. rsrsrsrs, blz, gi! vamo continuar! abraços

    ResponderExcluir