terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O QUE A LIBERDADE ESCONDE?
Algo tão desejado, tão buscado por todo ser humano que conhecemos. Algo tão defendido, tão cultuado, tão divulgado. O que realmente é essa liberdade que tanto buscamos?
Um dia desses estava lendo sobre a criação de um novo partido político, o LIBER, um partido libertário que defende radicalmente a liberdade, e que se denomina anarco-capitalista. Capitalismo é quase sinônimo de liberdade na nossa sociedade. O dinheiro nos permite tudo o que queremos ou pelo menos tudo aquilo que o tanto que temos pode comprar. Sem dinheiro não se vive... não se tem o que comer, onde morar, as relações ficam comprometidas, o respeito desaparece, vive-se quase como um animal.
O dinheiro é nosso herói! Vamos tê-lo o quanto mais pudermos!
E a corrida pelo dinheiro é a corrida pela liberdade, é a corrida pela vida digna.
Que outra opção temos? Que destino terei sem dinheiro? Preciso tê-lo também!
Tudo está atrelado ao dinheiro, mas de onde vem o dinheiro? Porque há momentos em que ele vale mais ou vale menos? Porque ele é tão volátil? Porque é tão difícil tê-lo? Porque tenho que trabalhar tanto pra tê-lo se ele é tão primordial pra minha existência? Porque tenho que vender minha vida pra conseguir algo que preciso pra mantê-la? Porque tenho que passar tanto tempo trabalhando pra poder sobreviver? Eu, assim como todos, estou desesperado na busca por dinheiro.

Preciso de dinheiro! Preciso de casa!
Preciso de dinheiro! Preciso me divertir!
Preciso de dinheiro! Preciso comer!
Preciso de dinheiro! Preciso de família!
Preciso de dinheiro! Preciso de conhecimento!
Preciso de dinheiro! Preciso ir e vir!

Mas o que é o dinheiro? De onde ele vem? O que acontece pra ele existir?
Pergunta complicada. Uma explicação que podemos dar é que o dinheiro se obtém pela venda da força de trabalho. Outra explicação seria pelo lucro obtido com a venda ou produção de algo por um custo mais alto do que o gasto para comprá-lo ou produzi-lo.
Mas há um grande problema nisso tudo. Um problema talvez ainda pior do que a exploração que existe quando se é obrigado a trabalhar pela própria sobrevivência ou pela sobrevivência das pessoas amadas. Quem nunca se submeteu a humilhação ou algo parecido no seu emprego por estar com o salário comprometido com o pagamento de necessidades? Pode-se incluir em necessidade tudo aquilo que desejamos ter, mesmo sendo coisas que talvez não fossem necessárias, mas o desejo se torna necessário. O problema maior é o esquecimento da finitude dos recursos materiais do nosso planeta, pois a fonte de todo esse dinheiro é a produção de mercadorias.
Mas quem é que liga pra isso? O importante é ser livre, é ter dinheiro no bolso. E pior que isso: ou eu trabalho, ou eu me submeto, ou não consigo viver. Mesmo se me importasse com as questões ambientais o que eu poderia fazer se preciso de dinheiro pra sobreviver, pra ter uma vida digna, pra gozar da minha vida! Vida se tem uma só, é preciso aproveitar, não dá pra se privar da única coisa que me possibilita desfrutar da vida ao máximo.

Ainda era adolescente quando me fiz uma objeção. Eu achava estranha a necessidade, que todos os países tinham, de pertencer à economia global. Se dizia não ser possível viver com uma economia fechada ao comércio exterior. Como eu achava absurda essas declarações! Como um país tão grande como o Brasil não teria capacidade de produzir seus próprios recursos.
E hoje vemos como países, que no passado devastaram seus recursos naturais, exploram os recursos de outros países e, mesmo diante de acontecimentos que já demonstram alterações profundas no eco sistema global, a economia continua fundada na exploração extrema dos recursos naturais em nome de seu crescimento contínuo.
E o que a nossa tão amada liberdade tem a ver com isso?

Só sei que quero o mínimo.
Quero viver com o mínimo.
Quero ter o necessário.

Não quero contribuir com isso.
Não preciso de coisas novas o tempo todo.
Posso concertar algo quebrado.

Não quero o último lançamento.
Quero apenas o necessário.

Mas o que aconteceria se muita gente fizesse como eu?
A nossa economia entraria em colapso? Muita gente ficaria desempregada? Haveria muita fome e tristeza?

Desejo liberdade! Mas também desejo o fim da destruição do meu mundo. Será que só valorizaremos a água encanada quando as torneiras secarem? Será preciso nós todos sentirmos na pele pra fazermos algo?
Desejo a liberdade, por isso cansei de consumir tudo o que desejo sem pesar sua necessidade.
Estou cansado de ser forçado a contribuir para a destruição da natureza em troca do que me é necessário para viver.

Resposta: O capitalismo é troca e o dinheiro apenas uma forma de medir essa troca. As grandes distorções na economia são causadas pelos governos. Troca não é escravidão, não é ruim, é compartilhar riquezas.

5 comentários:

  1. oxi! agora sim! puta merda!
    tá muito bom esse seu texto eu curti muito!
    bom posta mais coisas aí pra eu comentar então!

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  2. Abraos, meu amigo... O que é a liberdade sem autonomia, amigo Paulo? Liberdade é autonomia. E autonomia é ser responsável por aquilo que deseja e quer.

    Penso que uma reflexão pertinente aqui é conseguirmos distinguir a Liberdade de Poder. Em tese, e nessa questão sou sartreano, todos nós temos liberdade, mas só quem tem poder pode exercê-la sem tantas restrições.

    Temos três saídas então: aumentar nosso poder, tirar de quem tem ou lutar para nivelá-lo. A primeira e a segunda alternativas pode se virar contra nós mesmos, pois a questão da autonomia pressupõe responsabilidade. Ao diminuir o poder de alguém damos pleno direito de alguém tentar diminuir o nosso. E não é assim que as coisas, hoje, são? Nada mudaria, pois o símbolo do poder em nossa sociedade atual é o dinheiro.

    A terceria alternativa se abre como algo indigesto, embora revelador. Construir o nivelamnto do poder não poder ser feito sozinho. A responsabilidade dessa nivelação se dá na alteridade, com negociações e conscientização. É outra espécie de luta, a do diálogo, da persuasão, da conscientização coeletiva, que passa necessariamente pela desconstruções das verdades metafíscias de um sistema imediatista e individualista.

    Para quem quer essa terceira via, há de imolar com a própria vida, vivendo a margem da luta pelo poder. Só quando todos forem livres poderíamos dizer que somos livres... Mas quem tem o poder de exercer sua liberdade está preso a um paradigma que lhe tira a liberdade. paradoxal...

    Parabéns pelo Blog, amigo.. estarei acompanhando...

    Gilberto
    http://miranda-filosofia.blogspot.com

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  3. Fiquei com vontade de ler mais textos teus.

    Cumprimentos

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  4. Como seria possível a maioria das pessoas querer isso? Já houve alguma sociedade, nesta ou noutra época, em que a maioria das pessoa não se preocupasse com a acumulação de riquezas e com o prazer imediato?

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  5. Demorou, mas vou comentar, não compartilho bem com estas tuas idéias guri, mas posso usá-las para uma reflexão pessoal.
    Como posso matar a Deus, se assim fazendo também mato a mim? Se Deus morreu, ou se nem existiu, quem eu sou?
    Eu que sempre acreditei ser a sua imagem, e ter uma borrada semelhança Sua? Eu que sempre acreditei ser a Sua filha, sua criatura e ser escolhida?
    Enlouqueceria se me descobrisse uma farsa, enlouqueceria não só por não ser aquilo que sempre acreditei ser, mas enlouqueceria principalmente porque acredito que este Deus que matam por aí é a única explicação para o Amor. De onde viria um sentimento tão nobre senão do sobrenatural? Como explicar o próprio sacrifício? Sinceramente não sei... Apenas sei que se o Adoro, se o Amo, se o mantenho vivo em mim é porque quero, não porque devo, nem me sinto obrigada a isto, afinal o Amor é gratuito, sendo Deus Amor, também é gratuito, ou seja, só o tem quem O quer e só O valoriza quem ver além, porque fé é justamente isto, ver muito além, ver o Sobrenatural.
    Agora se ficarmos apenas procurando dar um sentido à nossa vida, talvez ela apenas passe... Prefiro viver tendo como valor o Amor e no momento presente me deixar guiar por isto, às vezes acerto, às vezes não, mas VIVO e isto me basta. Talvez eu queira pouco, talvez pouco me baste, ainda bem, porque só se é feliz quando completo.

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