segunda-feira, 28 de junho de 2010

Matei Deus!

Foram anos de luta, preso a obrigação de adorá-lo sobre todas as coisas e obedecer suas ordens. Foi difícil mas consegui.
Depois de matá-lo fui em busca de um caminho, um norte, um rumo. Um fundamento que pudesse dar referência pra minhas ações.
Pensei em algo como garantir o bem estar da minha nação, minha família, meu clã, minha tribo, meus entes queridos. Tendo essa base mataria quantos fossem necessários para defender minha referência e para trazer tudo de bom para os que dela pertencessem. Mas notei que, durante uma guerra entre nações, poderia haver alguém do lado inimigo que pudesse pensar como eu e que só estava fazendo tudo aquilo para defender o que acha importante, seria uma batalha honrosa. Pensei então que poderia tentar negociar com ele a paz e trocar alguns itens que me sobravam e que poderiam servir pra ele e talvez ele poderia fazer o mesmo. Sabendo que há pessoas também nessa situação percebi que não bastava ter como base minha "família".
Pensei em ter como referência o repeito à diversidade, mas há certas diversidades que não dá pra aceitar: Uma outra pessoa que me explora por possuir mais bens que eu e deter os meios de produção do sustento da minha família. Tem coisa que não dá pra concordar.
Pensei em ter como referência os meio de produção, pois todos precisamos comer. Com isso eu quase roubei um banco, quase explodi a cabeça de muita gente que merece um fim trágico, quase virei um Hobin Wood. Mas pensei que a violência só gera mais violência e a repressão que viria depois desses atos prejudicaria muita gente e talvez causaria um retrocesso na democracia, daria argumentos para uma ditadura.
Pensei na dor como referência, porque todo mundo sente dor, seja física ou sentimental. Eu poderia ter ficado com a ideia de apenas sanar a dor dos meus queridos, proporcionando-lhes um bem estar maior, mas e os outros q também sentem dor? Tendo o sofrimento como referência não dava pra eu ignorar a dor de outros. Mas o que fazer? Vou passar minha vida só pensando na dor de todo mundo? Travei!
Preciso de uma referência que me faça agir e não que me trave. Preciso viver! Quero viver!Não só eu como todo mundo quer viver.
Pensei se é possível haver vida solitária. Percebi que tudo o que vive depende de uma complexidade de detalhes pra manter a própria vida, que nunca algo sobrevive por si só.
Acho que estou chegando perto de algo...
Lembrei da máxima que existe em muitas culturas e que na cultura judaico-cristã é representada pela frase “amar ao próximo como a si mesmo”.
Pensei: se quero vida pra mim, também devo querer vida pro meu próximo, é algo bem lógico e uma ótima moeda de troca. Mas lembrei que na sociedade humana não dá pra esperar por essa lógica, sempre haverá predadores.
Olhei para a vida na natureza e vi que em todo lugar onde há vida, há também sacrifícios, seja das plantas secas (mortas) que nutrem o solo com sua decomposição mantendo saudáveis as outras ainda vivas, seja um gnu morto por um leopardo caçando provendo alimento para suas crias.
O sacrifício nutre a vida que floresce.
Assim como fui alimentado e cuidado para ter vida, desejarei e lutarei pela vida, respeitando a máxima existente em várias culturas e, sendo assim, serei sacrifício ao invés de sacrificar.
Acreditarei que meu sacrifício não será em vão e que a vida persistirá. E acreditarei que meu exemplo contribuirá para que mais pessoas passem a cuidar umas das outras.
Quero a vida para meus queridos,
quero a vida para meu próximo,
quero a vida para meu inimigo.
Serei a folha seca e o gnu.
Alimentarei os que estão a minha volta.
A vida florescerá a meu redor.
Serei adubo. Ao pó voltarei.
E assim, mesmo depois do meu último sacrifício,
serei vida nova.

Deus é só uma palavra, distorcida e desgastada. Procuremos pelo mais sagrado, por aquilo que realmente importa.

Minha singela reflexão.

Resposta: O que gera vida não é a morte, mas a troca. E viva o Capitalismo sem intervenção do estado.